segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Avé Maria do Povo

Avé, Avé Maria,
mulher de um carpinteiro
e mãe do homem novo,
Senhor do mundo inteiro.
Avé mulher do povo,
Maria camponesa
que trazes sangue novo
ao corpo da tristeza.

Ouve esta nossa voz,
nós rogamos por nós,
por nós que estamos sós
e quase abandonados.

Senhora da má sorte
sem culpa concebida,
nós não pedimos a morte,
nós só pedimos a vida.

Ouve esta nossa voz,
nós rogamos por nós,
por nós que estamos sós
e mal-aventurados.

Senhora da ternura,
Senhora da alegria,
teu fruto está maduro.
É quase um novo dia,

Natal, Natal.

Poema de José Carlos Ary dos Santos.
Interpretado por Simone de Oliveira e gravado no lado B do viníl da "Desfolhada Portuguesa", em 1969.
Imagem: Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição - Seixal.

Boas Festas

Neste Natal, apenas gostava de receber a alegria de crianças que já não passarão mais fome, a euforia de povos que não terão mais guerra, a simpatia daqueles com quem nos cruzamos diariamente e a saudade presente nos olhos dos idosos de todo o mundo.
Só assim seriamos todos felizes, pois não havia necessidade de uns terem tanto e outros tão pouco.
Se tudo fosse bem distribuido, haveria mais amor a dar e a receber.

Assim sendo, vamos todos lutar para sermos simpáticos e amáveis com o próximo, nunca deixando de ajudar só porque temos vergonha ou indiferença.
Ajudemos a melhorar, a sorrir e a ajudar!

Feliz Natal e um grande e próspero 2009.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Concertos de Natal

Para celebrar o Natal deste ano, o concelho do Seixal apresenta diversos concertos corais e instrumentais em várias localidades.
Assim podemos assistir aos seguintes concertos natalícios:

Coro da Associação de Reformados, Pensionistas e Idosos da Torre da Marinha
6 de Dezembro (sábado)
10 horas - Mercado da Torre da Marinha
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Coro Polifónico de Fernão Ferro
6 de Dezembro (sábado)
10 horas - Mercado de Fernão Ferro
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Grupo Cantata Viva
7 de Dezembro (domingo)
21.30 horas - Igreja de Aldeia de Paio Pires
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Coro da Associação Unitária de Reformados, Pensionistas e Idosos do Seixal
13 de Dezembro (sábado)
10 horas - Mercado do Seixal
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Banda da Sociedade Filarmónica União Seixalense
13 de Dezembro (sábado)
21 horas - Salão Nobre da colectividade
Direcção: Maestro Armindo Luís
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Banda da Soc. Fil. Democrática Timbre Seixalense
14 de Dezembro (domingo)
16 horas - Sala de espectáculos da colectividade
Direcção: Maestro Jorge Azevedo
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Orquestra Ligeira do Clube Recreativo da Cruz de Pau
14 de Dezembro (domingo)
16 horas - Auditório da colectividade
Direcção: Maestro Francisco Pinto
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Banda da Sociedade Filarmónica União Arrentelense
14 de Dezembro (domingo)
16 horas - Sala de espectáculos da colectividade
Direcção: Maestro Manuel Henrique Ruivo
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Coro Flama Vocis
14 de Dezembro (domingo)
18 horas - Igreja Beato João Baptista Scalabrini
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Banda da Sociedade Filarmónica Operária Amorense
19 de Dezembro (sexta)
21 horas - Salão Nobre da colectividade
Direcção: Maestro Tenente-Coronel Jacinto Montezo
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Grupo Coral e Instrumental Cantar é Viver
20 de Dezembro (sábado)
10 horas - Mercado de Miratejo
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Recital de Natal
Ana Sousa (soprano), Vera Quaresma (soprano), André Santos (guitarra clássica)
20 de Dezembro (sábado)
17 horas - Auditório Municipal do Seixal
Direcção musical: André Santos
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Coro do Menino Jesus de Praga
21 de Dezembro (domingo)
19.30 horas - Igreja de Corroios
Imagem: Pormenor do painel de azulejos sobre a Natividade na Igreja de Arrentela.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Autobiografia

Hoje falar-vos-ei um pouco de mim.
Conhecerão o que fiz ao longo destes meus quase 23 anos de idade, nesta minha autobiografia.

Nasci a 1 de Janeiro de 1986 em São Sebastião da Pedreira - Lisboa, tendo adoptado como minha terra o Seixal.
Iniciei os estudos musicais aos 12 anos na Sociedade Filarmónica União Seixalense, vulgo “Os Prussianos”, com Cláudia Cunha e Marco Rosa.
Aos 13 anos ingressei na banda como executante de trompete e aprofundo os meus estudos na Academia de Música e Belas Artes Luísa Tódi e no Conservatório Regional de Setúbal, onde frequentei o curso oficial de trompete.
Na minha formação descacam-se os professores: Maestro José Augusto Carneiro, a Maestrina Filipa Palhares, Raul Avelãs, António Laertes, Maria do Céu Santos, Bárbara Villalobos e Carlos Marques.

Em 2005 participei no Concurso Internacional “Flicorno D’Oro” em Riva del Garda - Itália tendo obtido o 3º lugar com a Banda Filarmónica da Sociedade Imparcial 15 de Janeiro de 1898 de Alcochete. No mesmo ano recebi a Medalha de Mérito Cultural da Câmara Municipal de Alcochete, conferida pelo Sr. Presidente da Câmara José Dias Inocêncio.
Participei com a mesma banda no Concurso Internacional de Bandas de Vila Franca de Xira, onde obtive os primeiros lugares na 1ª Categoria e na Categoria Banda Taurina.

Como convidado, toco em várias bandas filarmónicas do país e já fui membro da Orquestra Ligeira e do Coro de Câmara do Conservatório Regional de Setúbal.
Gravei três CD’s, sendo o mais importante para mim o “Marés”, gravado com a banda da S.F. União Seixalense em 2005, onde sou solista no trio para trompetes “Bugler’s Holiday”, de Leroy Anderson.

Leccionei Educação Musical na Escola Básica do 1º Ciclo dos Foros de Amora.
Actualmente estudo na Escola de Música do Conservatório Nacional, em Lisboa, no curso de canto, tendo como professora da disciplina Filomena Amaro.
No Conservatório Nacional estudo ainda Análise e Técnicas de Composição (com Carlos Gomes), Formação Musical (com Cláudia Casquilho), Acústica e História da Música (com Helena Lima), Coro (com Tiago Marques) , Piano (com Cristina Cardoso), Alemão (com Barbara Schilling Tengarrinha) e Italiano (com Marcello Sacco).

Como em iniciação à composição de obras, fiz orquestrações de várias músicas, destacando-se a "Desfolhada Portuguesa" para orquestra e guitarra, de Nuno Nazareth Fernandes com letra do José Carlos Ary dos Santos. Sou autor de algumas Marchas Populares do Seixal, cuja letra é do Vitor Perdigão, fui membro fundador do Grupo Musical de Animação de Rua "Algazarra & Companhia" e fui músico na Grande Marcha de Alcântara.

domingo, 16 de novembro de 2008

Simone de Oliveira na SIC

Na próxima segunda-feira, dia 17 de Novembro, o programa da SIC "Vip Manicure" recebe a Simone de Oliveira como convidada para um pouco de humor no nosso fim-de-dia.
Entretanto, na Rádio TSF, o mesmo programa de Ana Bola e Maria Rueff já a entrevistou e podemos acompanhar quase uma hora da grande senhora a falar e a cantar.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Porque Cultura Nunca É Demais

A ideia de um músico ou actor será sempre em melhorar a cultura, promovendo-a e incentivando-a àqueles que a praticam ou que apenas a admiram.
Esta ideia foi posta em prática pelo amigo Ricardo Mendes, um aluno da Escola de Música do Conservatório Nacional, ao criar o Porque Cultura Nunca É Demais, desenvolvendo temas culturais com o objectivo de divulgá-los.

Em conversa comigo, disse-me que "somos um país que aposta em trazer bons músicos e em produzir bons espetaculos, mas que poderia apostar mais na sua própria cultura e na formaçao dos portugueses", mas que existem lacunas na formação dos cidadãos, porque em certa parte, "o problema está nas pessoas que não foram educadas para seguir a cultura" e, como tal, ela fica empobrecida porque é pouco divulgada.

A aprendizadem cultural pode ser definida por uma frase do pensador Joseph Joubert: "Quem tem imaginação, mas não tem cultura, possui asas, mas não tem pés".
Para o Ricardo a melhor maneira de tornar os portugueses mais culturais é a informação, por isso tem o blogue que está a informar 24 horas por dia.
Visitem-no e vão ver que não se arrependem!

domingo, 9 de novembro de 2008

O Seixal em Évora

Do Seixal a Évora são poucos quilometros de planície alentejana para observar, mas à chegada encontramos sempre boa disposição e amabilidade característica dos alentejanos.
Os Algazarra & Companhia e o Grupo Cénico da Sociedade Filarmónica União Seixalense deslocaram-se à cidade património mundial para actuar e animar os eborenses.

Saímos do Seixal às 8h20 e, assim que chegámos a Évora, começamos a tocar para acordar qualquer dorminhoco que ainda ressonásse.
Fomos a tocar até à Praça do Giraldo e depois seguimos até ao jardim do Rossio, terminando na muralha do parque das merendas. Enquanto os Algazarra actuavam, os actores do Grupo Cénico distribuiam panfletos a anunciar a soireé.
Quando se aproximou a hora do almoço, dirigimo-nos à casa que nos acolheu, a Sociedade Recreativa e Dramática de Évora.
O almoço decorreu com normalidade e carregou baterias àqueles que estavam enfraquecidos.
Durante a tarde os Algazarra voltaram à carga, tocando pelos bairros menos centrais da cidade e parando o trânsito!
Na viagem até ao primeiro bairro, fomos na bagageira de uma Ford, onde faltava o equilíbrio a cada curva e a cada lomba... Começava então a parte aventureira da história!
Após animarmos os bairros, tivemos tempo livre para tocar ad libitum e até pedir esmola! O grupo juntou-se a tocar e alguns de nós, com o chapéu do actor Rogério, iamos facturando e até na rotunda da fonte luminosa se tocou, voltando a parar o trânsito naquela tarde de domingo.
Depois fomos convidados para animar os jogadores e adeptos do Sport Lisboa e Évora onde tocamos o passodoble "El Barbaña" no meio de muita alegria.
A viagem para o SLE e a volta foram feitas numa carrinha de caixa aberta com os Algazarra no interior a tocar! Havia música ambulante ao pôr-do-sol em Évora.
A alegria dos Algazarra era contagiante fazendo algumas pessoas parar os carros e sair das casas para dançarem e cantarem as músicas conhecias que eram entoadas.
Seguiu-se o jantar, onde um dos principais temas de conversa foi amor e sexo! A entrada foi o resto do almoço e a sopa foi de feijão, onde os efeitos secundários foram expelidos pela válvula do Gil na viagem de regresso ao Seixal.

À noite, o teatro imperou. Subiu ao palco "Os Figurantes" pelo Grupo Cénico A Fénix, sendo um momento exemplar representado pelo grupo e assistido pela plateia que enchia a sala da SRDE.

Foi um dia bem passado onde o humor foi rei e que deixou saudades a todos os que foram.
Bem-Hajam!


quinta-feira, 6 de novembro de 2008

172º Aniversário do Concelho do Seixal

O Seixal comemora o seu 172.º aniversário no dia 6 de Novembro. A sessão solene comemorativa tem lugar às 21.30 horas, no Auditório Municipal do Fórum Cultural do Seixal e conta com um concerto pela Banda da Sociedade Filarmónica Operária Amorense, uma das cinco colectividades centenárias do concelho.

Imagem: Praça da República, Baía, Moinhos de Maré e Ponta dos Corvos.



O Seixal tem na origem do seu nome os seixos - pedras arredondadas pela corrente das marés.
Foi no Seixal que os irmãos Vasco e Paulo da Gama construiram as embarcações para a viagem até à Índia. Enquanto Vasco da Gama estava em Lisboa a preparar a viagem, Paulo da Gama comandava os carpinteiros e calafates na construção das naus. Estêvão da Gama
, pai dos navegadores, foi comendador do Seixal.
No início do século XVI, a população rondava as três dezenas de fogos e no dealbar do séc. XVIII, o número de habitantes ascendia a cerca de 400 pessoas. Actualmente, o Concelho tem 180 mil habitantes.
A organização administrativa e territorial do Seixal sofreu várias alterações ao longo dos tempos. Assim, na época de Quinhentos, o povoado do Seixal fazia parte da freguesia de Arrentela, estando incluído no termo de Almada. Só após a revolução liberal, na sequência da reforma administrativa de 1836
, no reinado da rainha Dona Maria II, é que viria a ganhar direitos de concelho.

Dispersão

Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto,
E hoje, quando me sinto,
É com saudades de mim.

Passei pela minha vida
Um astro doido a sonhar.
Na ânsia de ultrapassar,
Nem dei pela minha vida...

Para mim é sempre ontem,
Não tenho amanhã nem hoje:
O tempo que aos outros foge
Cai sobre mim feito ontem.

(O Domingo de Paris
Lembra-me o desaparecido
Que sentia comovido
Os Domingos de Paris:

Porque um domingo é família,
É bem-estar, é singeleza,
E os que olham a beleza
Não têm bem-estar nem família).

O pobre moço das ânsias...
Tu, sim, tu eras alguém!
E foi por isso também
Que te abismaste nas ânsias.

A grande ave dourada
Bateu asas para os céus,
Mas fechou-as saciada
Ao ver que ganhava os céus.

Como se chora um amante,
Assim me choro a mim mesmo:
Eu fui amante inconstante
Que se traiu a si mesmo.

Não sinto o espaço que encerro
Nem as linhas que projeto:
Se me olho a um espelho, erro —
Não me acho no que projeto.

Regresso dentro de mim
Mas nada me fala, nada!
Tenho a alma amortalhada,
Sequinha, dentro de mim.

Não perdi a minha alma,
Fiquei com ela, perdida.
Assim eu choro, da vida,
A morte da minha alma.

Saudosamente recordo
Uma gentil companheira
Que na minha vida inteira
Eu nunca vi... Mas recordo

A sua boca doirada
E o seu corpo esmaecido,
Em um hálito perdido
Que vem na tarde doirada.

(As minhas grandes saudades
São do que nunca enlacei.
Ai, como eu tenho saudades
Dos sonhos que não sonhei!...

E sinto que a minha morte —
Minha dispersão total —
Existe lá longe, ao norte,
Numa grande capital
Vejo o meu último dia
Pintado em rolos de fumo,
E todo azul-de-agonia
Em sombra e além me sumo.

Ternura feita saudade,
Eu beijo as minhas mãos brancas...
Sou amor e piedade
Em face dessas mãos brancas...

Tristes mãos longas e lindas
Que eram feitas Pra se dar
Ninguém mas quis apertar
Tristes mãos longas e lindas

Eu tenho pena de mim,
Pobre menino ideal...
Que me faltou afinal?
Um elo? Um rastro?... Ai de mim!...

Desceu-me na alma o crepúsculo;
Eu fui alguém que passou.
Serei, mas já não me sou;
Não vivo, durmo o crepúsculo.

Álcool dum sono outonal
Me penetrou vagamente
A difundir-me dormente
Em urna bruma outonal.

Perdi a morte e a vida,
E, louco, não enlouqueço...
A hora foge vivida,
Eu sigo-a, mas permaneço,..

Castelos desmantelados,
Leões alados sem juba.

Mário de Sá-Carneiro
Paris, 1913


Este é um dos inúmeros poemas de um poeta quase desconhecido.
Este poeta, meu homónimo, nasceu em 1890 e morreu aos 26 anos, ainda muito jovem, deixando a também jovem república do seu país para trás.
No ano de 1916, quando Mário Sá-Carneiro se suicidou em Paris, deixou-nos uma obra notável, rica e estravagante, tal como ele.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Simone de Oliveira de Perfil

O disco duplo com os maiores êxitos de Simone de Oliveira, já está à venda em todo o país e arredores. Este albúm acarreta canções originais e versões de outros cantores que fazem parte dos 50 anos de história de carreira da cantora/actriz.

Disco 1 - Os clássicos
1. DESFOLHADA PORTUGUESA
2. COMEÇAR DE NOVO
3. NEM EU NEM VOCÊS
4. NÃO TE PEÇO PALAVRAS
5. AVÉ-MARIA DO POVO
6. SENSATEZ
7. DE SAUDADE EM SAUDADE
8. JÁ OUVISTE O MAR
9. PRAIA DE OUTONO
10. CANÇÃO CIGANA
11. OLHOS NOS OLHOS
12. SOL DE INVERNO
13. CANÇÃO AO MEU PIANO VELHO
14. PINGOS DE CHUVA
15. NUNCA MAIS A SOLIDÃO
16. AS PALAVRAS QUE EU CANTEI
17. APENAS O MEU POVO
18. MULHER PRESENTE

Disco 2 - As versões
1 . YESTERDAY
2 . ESTRANHOS NA NOITE (STRANGERS IN THE NIGHT)
3 . NE ME QUITTE PAS (NÃO ME VAIS DEIXAR)
4 . ALGUÉM QUE TEVE CORAÇÃO (ANYONE WHO HAVE AN HEART)
5 . AS COISAS DE QUE EU GOSTO (MY FAVORITE THINGS)
6 . AQUELES DIAS FELIZES (THOSE WERE THE DAYS)
7 . MARIONETTE (PUPPETS ON THE SPRING)
8 . A BANDA
9 . FALAR COM OS ANIMAIS (DR. DOOLITTLE)
10 . EU DANÇARIA ASSIM (I COULD HAVE DANCE ALL NIGHT)
11 . QUANDO ME ENAMORO (QUANDO M'INNAMORO)
12 .ÉS A MINHA CANÇÃO (THIS IS MY SONG)
13 . QUE C'EST TRISTE VENICE
14 . TU SÓ TU (SOMETHING STUPID)
15 . ONDE VAIS (EDELWEISS)
16 . NO TEU POEMA
17 . GLÓRIA GLÓRIA ALELUIA
18. DESHOJADA (DESFOLHADA PORTUGUESA)

sábado, 25 de outubro de 2008

Autopsicografia

Aos meus amigos Catarina e Ricardo:

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.


Fernando Pessoa, 1930

sábado, 18 de outubro de 2008

Estrela da Tarde

Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca tardando-lhe o beijo mordia.
Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia
Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia.
Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça
E o meu corpo te guarde.
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria
Ou se és a tristeza.
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza!

Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram
Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram
E entre os braços da noite de tanto se amarem, vivendo morreram

Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça
E o meu corpo te guarde.
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria
Ou se és a tristeza.
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza!

Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto
Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto!


Poema de José Carlos Ary dos Santos
Música de Fernando Tordo
Intérprete: Carlos do Carmo
Dedicado à minha amiga Matilde

sábado, 11 de outubro de 2008

Roda da Sorte

Na passada semana participei na Roda da Sorte, o programa dos fins de tarde da SIC apresentado pelo Herman José e com apoio da Vanessa Palma.
Comigo participou a Carla - uma professora de português do Porto, e a Claudina - cortadora de carnes no Jumbo de Setúbal.
Todo o programa foi fantástico. A Carla lia palavras de trás para a frente e era super bem disposta e a Custodia era malandreca...
Durante o jogo, o Herman fez algodão-doce, brincou e até cantou a Desfolhada comigo.
A bela Vanessa parecia uma Barbie de tão bonita e elegante, caracteristicas que também faziam parte da vencedora, a Carla.
Passa na televisão dia 13 ou 14 de Outubro.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Morro, Mas Morro de Pé

Navego,
Navego pelos meus sonhos
Como se fossem sempre os últimos,
Como se acabasse naquele momento
A minha vontade de viver.

Mesmo naqueles dias em que não estou bem comigo mesmo
Penso naqueles de quem mais gosto.
A família e os meus três grandes amigos
Que sei que um dia me hão-de ver partir
Para melhor? Para pior?
Não sei. Não imagino. Não perguntarei.

Quero que a minha vida seja
Uma luta contra aquilo que está errado,
Uma cantiga de amor para os meus amigos,
Uma cantiga de amigo para os meus amores.
Se viver mais do que aquilo que devo,
Então morro.
Morro, mas morro de pé.

Mário Barradas

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Lisboa de Fronte Não Sabe Quem És

Já dizia o poeta: "Seixos, conchas, praias, moinhos, marés / Lisboa de fronte não sabe quem és", com toda a razão!
A terra que me adoptou como seu gentílico sempre andou esquecida no tempo e no espaço, embora com avanços significatívos nalgumas áreas, a Praia de Seixos poderia ser melhor, maior e bela.

Assim sendo, que mais posso fazer senão comentar e sugerir? Espero que alguém de direito leia o que escrevo e siga algumas ideias minhas!

A Rua Paiva Coelho tem árvores de fruta de uma ponta à outra, mas existem ameixoeiras que poderiam ser substituidas por laranjeiras ou oliveiras, pois o chão está sempre imundo debaixo destas; na mesma rua existem caldeiras sem árvores (que mais parecem wc caninos); o jardim da Praça dos Mártires da Liberdade tem um lago de cisnes, mas sem cisnes; neste jardim também faziam falta umas mesas com bancos pois não existem em nenhuma parte da freguesia; o que faz o monumento à Muleta do Seixal na rotunda da Rua da Cordoaria na Cruz de Pau? Que eu saiba, apesar de estar no brasão municipal, a muleta sempre foi do Seixal - freguesia; porque nos esquecemos daquela que tornou o Seixal independente e deu-lhe território e notoriedade - a rainha Dona Maria II? Poderia haver um monumento (mesmo que simbólico) à fundadora do concelho; também é incompriensível que o jardim da Quinta dos Franceses não tenha iluminação, assim como todos os cais e pontões que são escuríssimos à noite; continuando junto ao rio, também é de reparar que este tem vindo a ganhar terreno no Largo dos Restauradores e que os postes de electricidade estão quase de molho quando a maré está em preia-mar.

Também posso perguntar uma pequena curiosidade: porque é que o Beco da Sociedade Timbre Seixalense continua a chamar-se Rua da Sociedade Timbre Seixalense? Que eu saiba, uma rua é uma elo de ligação por onde se pode circular, e esta rua deixou de o ser quando construiram a sede da colectividade com o mesmo nome em cima da rua!

A ver se o Seixal melhora, para que um dia gritemos todos juntos com o tal poeta: "A água é tão boa e o ar tão perfumado / Não gosto de Lisboa, perfiro este lado".

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Uma Salva de Palmas

Hoje é um dia especial para muita gente e para uma pessoa em particular...
Festejar um aniversário é avançar no tempo e aprender mais com sucessos e fracassos, com amor e com ódio, com muitas pessoas ou sozinho.

Corria 1991 quando Ricardo Emanuel Almeida Mendes veio ao mundo. Um mundo com muitas coisas boas e outras nem tanto.

Foi neste dia que aconteceu o reconhecimento da independência da Bielorrúsia pela União Soviética e, no ano que decorria, iniciava-se a segunda edição do Rock in Rio, morria o trompetista Miles Davis e o vocalista dos Queen - Freddie Mercury, Cavaco Silva seria re-eleito primeiro-ministro de Portugal e foi criada a Fundação Mário Soares, entre tantas outras coisas.
Ainda a 25 de Agosto de 1988 ardiam os Armazéns do Chiado, no coração da capital e falecia, no dia seguinte, vitima de acidente de carro, o doutor e cantor Carlos Paião.

Hoje festejarás o teu 17º aniversário e saberás que estes teus amigos estarão sempre por aqui para te apoiar e abraçar no bons e, principalmente, nos menos bons momentos da tua vida.

Parabéns!

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Esta Lisboa Tem o Sol da Primavera

Na passada quinta-feira fui à capital visitar o Museu Nacional de Arte Antiga, também conhecido pelo Palácio de alvor-Pombal ou das Janelas Verdes.

A visita de estudo foi coordenada pela Babá e os coordenandos eram a Catarina, o Sonjo, a Joana, o Pedro, a Luísa, o Ricardo, o Daniel e eu.

Durante a visita ao museu, nem me apercebi na tarde quente que fazia cá fora...
Entrámos!
Fomos ao jardim e depois fomos ver o que mais interessava e, num passo muito apressado, vimos os biombos, as pinturas, a cerâmica, a loiça, a ourivesaria e o vidro de outras épocas, merecendo destaque para a pintura de Bosh, as imagens de santas grávidas e o políptico de São Vicente de Fora, padroeiro de Lisboa.
Gostei particularmente das curiosidades acerca da pintura como o chão que estava patente noutras pinturas, a rainha que estava de vermelho e pele - representa o luto da altura, o descendente dos reis (de quem a rainha está de luto) com a cara do São Vicente e, no meio das figuras presentes no políptico, uma que tem uma cara idêntica à do Salazar (e que estudos recentes provam que foi pintada/acrescentada depois): mais uma made in ditadura!No final ainda tivemos um lanchinho no respectivo jardim.
Uma visita para recordar!

domingo, 20 de julho de 2008

Tango Ribeirinho

É à beira da ribeira
Que Lisboa abre os olhos
Quando acorda de manhã
À cabeça da peixeira
Há fruta-do-mar aos molhos
Que põe mais sal na manhã

É à beira da ribeira
Que os marujos vão curtir
Os restos da bebedeira
Que apanharam a sorrir

É à beira da ribeira
Que acorda a cidade inteira
Que apregoa a vendedeira
Que a gente gosta de ouvir



REFRÃO
Este tango ribeirinho
Sabe a Tejo e sabe a vinho
Este tango da cidade
Tem navalhas de saudade
Tem punhais de solidão
A doer devagarinho
Dentro do meu coração

Este tango ribeirinho
Tem fragatas de carinho
Tem andorinhas nas telhas
E cravos de por na orelha
Sardinheiras encarnadas
Junto às toalhas de linho
Penduradas nas sacadas
Este tango ribeirinho



É à beira da ribeira
Que há canalhas e há malandros
E mulheres de meia-porta
Mas à beira da ribeira
Há cabazes de morangos
Que ainda nos sabem a horta

É à beira da ribeira
Que vai esperar o estivador
Numa manhã toda inteira
Que lhe comprem o suor

É à beira da ribeira
Que um ramo de erva cidreira
Traz a ternura e cheira
A Lisboa, meu amor


REFRÃO




Letra: José Carlos Ary dos Santos
Música: Nuno Nazareth Fernandes e Thilo Crassman

terça-feira, 15 de julho de 2008

Novo Espaço Cultural

Recentemente abriu no centro da cidade do Seixal o espaço cultural "Remédio de Cultura" que se situa anexado à Santa Casa da Misericórdia do Seixal, na Praça 1º de Maio / Rua Cândido dos Reis.




Este espaço contempla uma biblioteca, livraria, uma zona de leitura, de exposições e um cantinho reservado a actuações musicais e teatrais. Num futuro próximo terá computadores com ligação à internet e, quem sabe, uma sala de chá.




O espaço promoverá a cultura, com concertos por instrumentistas, palestras, debates, animação teatral e infantil.

De lembrar que valerá a pena comprar jornais, revistas, livros e publicações no "Remédio de Cultura", pois todos os lucros reverterão a favor de pessoas carenciadas do nosso concelho.






Quando for ao Seixal, visite o "Remédio de Cultura": um espaço pequeno, mas acolhedor.










domingo, 13 de julho de 2008

Sete Letras

Esta palavra saudade
sete letras de ternura
sete letras de ansiedade
e outras tantas de aventura.
Esta palavra saudade
a mais bela e mais pura
sete letras de verdade
e outras tantas de loucura.

Sete pedras, sete cardos,
sete facas e punhais
sete beijos que são nardos
sete pecados mortais.

Esta palavra saudade
dói no corpo devagar
quando a gente se levanta
fica na cama a chorar.

Esta palavra saudade
sabe a sumo de limão
tem o travo de amargura
que nasceu do coração.

Ai! palavra amarga e doce
estrangulada na garganta
palavra como se fosse
o silêncio que se canta.

Meu cavalo imenso e louco
a galopar na distância
entre o muito e entre o pouco
que me afasta da infância.

Esta palavra saudade
é a mais prenha de pranto
como um filho que nascesse
por termos sofrido tanto.

Por termos sofrido tanto
é que a saudade está viva
são sete letras de encanto
sete letras por enquanto
enquanto a gente for viva.

Este palavra saudade
sabe ao gosto das amoras
cada vez que tu não vens
cada vez que tu demoras.

Ai! palavra amarga e doce
debruçada na idade
palavra como se fosse
um resto de mocidade.

Marcada por sete letras
a ferro e a fogo no tempo
Ai! palavra dos poetas
que a disparam contra o vento.

Esta palavra saudade
dói no corpo devagar
quando a gente se levanta
fica na cama a chorar.

Por termos sofrido tanto
é que a saudade está viva
são sete letras de encanto
sete letras por enquanto
enquanto a gente for viva.
Dos mais belos poemas de José Carlos Ary dos Santos, interpretado por Simone de Oliveira.

sábado, 12 de julho de 2008

Cinco Quadras, Cinco Pedras

Meu amor se fosses barco
eras um barco de mágoa
ancorado na saudade
dos meus olhos rasos d'água.

Meu amor se fosses rio
corrias pelo meu corpo
até acender o frio
no meu olhar fogo morto.

Meu amor se fosses vaga
rebentarias em mim
com esta maré de raiva
que me vai levando ao fim.

Meu amor se fosses vento
rugias neste deserto
aonde soa um lamento
dos meus dois pulsos abertos.

Meu amor se fosses pedra
caías na solidão
deste lago de ternura
a que chamo coração.
Letra: José Carlos Ary dos Santo
Música: Nuno Nazareth Fernandes
Intérprete: Simone de Oliveira
(Na imagem está José Carlos Ary dos Santos, Simone de Oliveira e Nuno Nazareth Fernandes na entrega do 1º Prémio a "Desfolhada Portuguesa", no Teatro São Luiz em 1969)

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Quando Ouvires Alguém Morrer...

Foi com esta frase que a menina Catarina interpolou uma conversa de amigos há um tempo atrás: "Quando ouvires alguém morrer, manda pôr flores na minha campa!".
Esta frase (e respectivo insólito) ficou para sempre na memória daqueles que participavam na conversa.

Mas tal como esta frase, muitas outras surgem no momento exacto e no diálogo certo, tais como: "Fecha o vidro porque está sol!", que eu disse para o Ricardo dentro do carro ou o famoso "Ena pá, ena pá!" da Matilde no estacionamento do Rio Sul quando via o tablier de um carro cheio de talões de parqueamento e surgiu a proprietária desse veículo (o primeiro "Ena pá" foi de espanto pelos talões; o segundo pelo susto ao ver a dona do carro).
Também surgem afirmações pertinentes: "O primeiro rei de Portugal também não nasceu em Portugal.", aquando uma conversa sobre jogadores da nossa selecção de futebol que não nasceram em Portugal; "Ontem a Itália perdeu." - diz o Ricardo, "Contra quem?" - pergunta a Catarina, "Contra a Espanha." responde o primeiro, "Então a espanha foi eliminada?" -conlui a Catarina.
"Hoje está nuvens!" diz a Margarida e o Ricardo conclui "Mas o sol está no céu!" foi também um insólito interessante de uma conversa de final de tarde.

Mas há muito mais como o "Rabo do cú" ou a "Massa de esparguete" que surgiram noutros tempos.
Por agora não me lembro de mais, mas sempre que se lembrarem de outra avisem-me.

Abraços.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Apenas o Meu Povo


Quem disse que morreu a madrugada?
Quem disse que esta noite foi perdida?
Quem pôs na minha alma magoada
As palavras mais tristes que há na vida?

Quem me disse saudade em vez de amor?
Quem me disse tristeza em vez de esperança?
Quem me lançou a pedra do terror
Matando o cantador e a criança?

Quem fez da minha espera desespero?
Quem fez da minha sede temperança?
Quem me dando tudo quanto eu quero
Da minha tempestade fez bonança?

Quem amainou os ventos do meu corpo
E saciou o mar da minha fome?
Quem foi que me venceu depois de morto
E soletrou as letras do meu nome?

Quem foi que me fez servo sem servir?
Quem foi que me fez escravo sem querer?
Quem foi que disse que eu podia ir
Tão longe quanto nós podemos ser?

Apenas quem me viu calado e triste
E despertou em mim um mundo novo,
Apenas a esperança que resiste
Apenas o meu sangue, apenas o meu povo.

Apenas a esperança que resiste
Apenas o meu sangue, apenas o meu povo.


Poema de José Carlos Ary dos Santos
Música de Fernando Tordo
Intérprete: Simone de Oliveira

Ganhou o Prémio de Interpretação no Festival RTP da Canção de 1973

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Era bom mas acabou-se...



No passado dia 10 de Junho, a Sociedade Filarmónica União Seixalense encerrou as comemorações do 137º aniversário com chave de ouro levada a bom porto pela prata da casa.
O espectáculo de variedades produzido pelo Grupo Cénico A Fénix e pelos Algazarra & Companhia encheu o salão nobre da colectividade de boa disposição e de recordações da música ligeira portuguesa de outrora.
A primeira parte foi preenchida pelo Grupo Cénico A Fénix que, através de sketches atrevidos, criticou a vida social e politica do país onde não faltou um Scolari com pronúncia de Setúbal, um José Mourinho ao pormenor, um Jorge Gabriel e as Doce, uma vereadora baralhada, um Santana Lopes e a Manuela Ferreira Milk .
A segunda parte esteve a cargo do grupo musical de animação Algazarra & Companhia que tocou uma fantasia russa intitulada "Teus Olhos Negros" e, na companhia agradável da cantora Maria da Graça, prestou tributo a José Carlos Ary dos Santos, recordando os temas "Apenas o Meu Povo" (1973) e "Desfolhada Portuguesa" (1969), este último encenado e igualado à época, revivendo a Simone de Oliveira e o saudoso maestro Ferrer Trindade.
Num momento único e solene foi declamado o poema "Estrela da Tarde", também de Ary dos Santos.

in "Jornal do Seixal" nº.43

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Há Dias Difíceis

Foi numa noite de vento e de chuva, que eu cheguei a casa e, como quase sempre, descalcei-me e fui em direcção ao quarto. Despi a raiva, a crueldade, a antipatia e a indiferênca que tinha vestido nesse mesmo dia de manhã.
Voltei a ser eu: o rapaz bem-disposto que conhece inúmeras pessoas e que tem alguns amigos. Sim, alguns. Como perguntou uma vez a Catarina, "quantas pessoas te ajudavam se precisasses? Os teus amigos, apenas eles!", tudo o resto são conhecidos.
Mas não escrevo isto porque estou chateado com alguém... Alguém ja não me chateia. Escrevo isto porque ando cansado: cansado de andar de um lado para o outro, cansado d'algumas pessoas, cansado de estar cansado.
Não tenho tempo nem pra pentear os cabelos de paciência que tenho! Nem tão pouco alguns brancos que já me aparecem com apenas duas décadas de vida...

Há pessoas que me dão paz de alma por serem tão pacíficas... "Gostava de ter um feitio daqueles!", disse uma vez quando vi o presidente da junta da minha cidade no meio de contratempos comuns a quem é autarca. Mas eu sou muito directo, sempre fui, pois nas minhas veias corre sangue quente (e jovem), e quando não gosto dalguma coisa digo logo, assim como sempre que tenho uma ideia sobre algo ou alguém, salta-me boca fora, como uma tainha na baía...
Vivi pouco, pois tenho ainda muito que viver e aprender. Aprendo como são as pessoas. De dia para dia vou aprendendo e apreendendo conhecidos que outrora nem dava atenção e hoje são importantes, assim como vou pondo para trás das costas pessoas que já me foram importantes e que agora só fazem erros e criam desunião entre amigos.

Não gosto de escrever, como também não gosto de marisco, mas aprendi a gostar e, hoje só consigo desabafar assim.
Aprendi com os meus amigos, pois esses nunca hei-de pôr para trás das costas. Eles sabem-no.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Adeus (Palavras Gastas)

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Já não temos nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.


Poema de: Eugénio de Andrade,
Canta: Simone de Oliveira

terça-feira, 15 de abril de 2008

Calor

E ele nunca mais chega!
Ora vem, ora vai tal como o sol de inverno que teima em não nos deixar e, enquanto o São Pedro não se decide em enviar-nos o calor de Abril, vamo-nos contentando com dias chuvosos, outros de ventos que trazem à estrada a calma Baía do Seixal e outros soalheiros que até sugerem uma roupa mais arejada...
É assim, as estações são para riscar definitivamente do nosso calendário e dar lugar a dias frios e dias quentes que ter-se-á que sufixar os respectivos aumentativos com o avancar da história.
Onde está o "Abril, águas-mil"? Talvez tenha ido ter com o "Março marçagão, manhãs de inverno e tardes de verão"!
Está tudo muito estranho... e não só as estações!
Na Dona Maria II anda por lá o inverno, embora não tão rigoroso como o anterior e na Nuno Álvares Pereira fixou-se o verão, embora ultimamente esteja a puxar o outono... enfim!
Só ao fim de semana tem feito bom tempo, apesar de o ter passado (e muito bem) em casa do Ricardo a escrever música. Às vezes penso que até posso ser feliz onde menos espero... mas isso não tem a ver com a casa do Ricardo, mas com o resultado da nossa música!
Hoje parece que nada faz sentido, pois tudo o que digo não bate certo.
Este texto era para ser sobre o 25 de Abril de 1974, mas a Margarida Calqueiro pensa que sabe tudo sobre mim, e enganou-se! Fica para a próxima semana.
Últimamente tenho andado muito feliz com os meus amigos: apetece-me fazer uma qualquer maluquice com o Ricardo, passar uma tarde a rir com a Poupinha, passar uma noite a conversar com a Calqueiro (e a cuscar!), fazer miminhos à Matilde e apertar o pescosso às manas Perdigão!
Mas enquanto isso não vai acontecendo, vão mas é aproveitar o calor de Abril que dura pouco.
E pronto, quem sabe, sabe e o Barradas é que sabe!
Sejam todos muito felizes que eu também o serei certamente!

sábado, 29 de março de 2008

Interrogação Sem Resposta

Porque é que existem guerras? Porquê? Não servem de nada, só para separar famílias, pessoas e países.
Em Portugal, durante o Estado Novo, este criou uma guerra que, tal como as outras, não têm justificação pela existência. Esta guerra que tanta gente levou com ela, durou décadas, sendo conhecida por Guerra do Ultramar ou Guerra Colonial.

Portugal vivia mal, pedia água e pão em filas sem fim à vista, não tinha vias de comunicação, não tinha qualquer tipo de desenvolvimento, a não ser o movimento fascista que o Salazar impunha. Também nesse tempo, o país tinha os cofres cheios (como disse um amigo meu)! - É verdade! Mas para que nos servem os cofres cheios se o país está na maior das penúrias? Para quê? Os únicos que viviam menos mal eram os emigrantes nas colónias portuguesas em África, que após o 25 de Abril de 1974, tiveram que largar tudo e retornarem a Portugal, sendo que só a partir deste momento é que se aperceberam da miséria que existia por cá.

A música que melhor retrata a desnecessária Guerra do Ultramar, é a "Interrogação Sem Resposta" de Paco Bandeira e Sidónio Muralha, que foi escrita já na primavera marcelista, em 1971.



E todas as tardes e todas as manhãs
E todas as noites os homens morriam,
Choravam as mães, as mulheres, as irmãs,
Choravam os olhos que já os não viam.

E em todos os campos e em todos os mares,
E em todas as ruas e em todos os portos,
Nas cadeiras vazias de todos os lares
Perguntam os mortos porque foram mortos.

A que sol murcharam as promessas largas?
A neblina esconde a terra prometida.
Quem marcou a cinza tantas horas amargas,
Imenso quadrante do relógio da vida.

Palavras moldadas no barro do engano,
Promessas de tudo trocadas em nada.
Frases apagadas como apaga o oceano
Os passos dum homem na areia molhada.

Em todos os campos e em todos os mares,
E em todas as ruas e em todos os portos,
Nas cadeiras vazias de todos os lares
Perguntam os mortos porque foram mortos.

E nós que sabemos a verdade e a sentimos
Para lá das falas, das razões, dos motivos,
Provemos aos mortos que não os traímos,
Devolvendo aos vivos a terra dos vivos,
Devolvendo aos vivos a terra dos vivos!


Valsa das Papoilas

É a mais recente reentrada de cartaz do Animateatro chama-se "Valsa das Papoilas - Sequela" e é uma comédia hilariante!

Foi incluída nas comemorações do Dia Mundial do Teatro, nos antigos refeitórios da Fábrica Mundet com sala cheia.
Vi-a na Mundet com o Ricardo, a Catarina e a Marisa e, como gostei, repeti no Animateatro com o Canelas e o Ricardo.

Podemos ver todos os sábados, até 19 de Abril no espaço Animateatro.

Ficha Técnica
Concepção geral: Ricardo G. Santos, Lina Ramos e Alexandra Varela
Elenco: Alexandre Gregório, Patrícia Cairrão e Pedro Ribeiro
Adaptação: Ricardo G. Santos
Produção: Lina Ramos
Imagem Gráfica: Luis Mileu
Músicas: Ricardo G. Santos

As comemorações prosseguem no Animateatro e na Sociedade Filarmónica União Seixalense, entre outros, até Abril.

sexta-feira, 28 de março de 2008

O Amigo Que Eu Canto


Cantada por Simone de Oliveira no final do espectáculo comemorativo dos 50 anos de carreira no Coliseu dos Recreios, denominado "Num País Chamado Simone", esta canção foi a última que os seus autores fizeram juntos, sendo escrita para o espectáculo Sopa de Pedra em 1980.
A letra é do poeta José Carlos Ary dos Santos e a música de Fernando Tordo.


Desde quando nasci
Que o conheço e lhe quero
Como a um irmão meu
Como ao pai que perdi,
Como tudo o que espero.

É um homem que tem o condão da doçura
No sorriso de água, nos olhos cansados,
É metade alegria, é metade ternura
Nas palavras cantadas, nos gestos dançados,
Nos silêncios magoados.

Tem um rosto moreno
Que o inverno o marcou
E apesar de ser forte,
É um homem pequeno
Mas maior do que eu sou.

Tem defeitos, é certo. Como todos nós.
Sonha, às vezes demais,
Fala, às vezes no ar
Mas quando dentro dele a alma ganha a voz
É tal como se fosse o som do nosso mar,
Se pudesse falar...

REFRÃO
Foi capaz de mentir,
Foi capaz de calar
É capaz de chorar e de rir,
Tem um quê de fadista,
Tem um quê de gaivota,
E a mania que há-de ser artista.
Quando vê que precisa
É capaz de roubar,
Mas também sabe dar a camisa.
Foi capaz de sofrer,
Foi capaz de lutar,
È capaz de ganhar
E perder.

É um amigo meu que às vezes me ofende
Mas que eu sei que me escuta,
Que eu sei que me ouve
E também compreende.
Quantas vezes lhe digo que tenha juízo,
Que a mania dos copos só lhe faz é mal,
Que a preguiça não paga e que o trabalho é preciso.
Ele encolhe-me os ombros num despreso total,
Este tipo é assim, mas...

REFRÃO
Foi capaz de mentir,
Foi capaz de calar
É capaz de chorar e de rir,
Tem um quê de fadista,
Tem um quê de gaivota,
E a mania que há-de ser artista.
Quando vê que precisa
É capaz de roubar,
Mas também sabe dar a camisa.
Qual o nome final
Deste amigo que eu canto?
Pois é claro que é
Portugal.



sábado, 15 de março de 2008

Recordações

Começei a aprender música em Novembro de 1999 com a Cláudia Cunha e, ao fim de seis meses, passei para Trompete, tendo como monitor o Marco Rosa.
Corria o ano de 2000 e o I Encontro de Bandas de Música do Seixal era a "menina dos olhos" da União Seixalense. A primeira vez que saí para a rua com a banda foi precisamente neste encontro de bandas, onde desfilámos pelas ruas da cidade juntamente com a Banda da Sociedade Imparcial 15 de Janeiro de 1898 de Alcochete e a Banda da Arrentela.
Estava radiante com a farda que vestia e, apesar de estar o tempo chuvoso, adorei usar o boné da farda.
Por ironia do destino, hoje também faço parte da Banda de Alcochete, dirigida pelo António Menino.
As marchas que a União tocou nesse dia foram: "Vinho do Porto"e"José Macedo" de Ilídio Costa e "El Barbaña" de Emílio Cebrian Ruíz. Em concerto tocou "La Gazza Ladra", "Guilherme Tell", "Ares de Espanha", entre outras de que não me recordo.
Hoje sinto saudades da banda desses tempos, do espírito de equipa, da família e de algumas caras que desapareceram do corpo de banda, matendo-se algumas na colectividade. Posso sempre recordar aqueles que faziam parte da banda quando entrei e que hoje já não o fazem: Dulce Cunha, Sofia Oliveira, Artemisa Silva, Vânia Alagoa, Maria João Moutela, Patrícia Silva, Daniel Trindade, Rui Constâncio, Sérgio Charrua, Cláudia Cunha, André Marques, Diogo Foles, Riso, Carlos Lopes, Hugo e Nuno Gaito, Fernando e António Rodrigues e o saudoso porta-estandarte José Rosa Antunes (o Zé Faji).
Aqui recordo o primeiro dia que fui músico, porque o que é bom, é para ser lembrado!
Na imagem: Eu e a Dulce na Travessa dos Lusíadas, Seixal.

terça-feira, 11 de março de 2008

Hoje


Hoje foi um bom dia para matar saudades do sol de inverno que tinha desaparecido nos últimos dias... hoje foi um dia como outro qualquer!
Hoje ficaria horas, ou mesmo o dia todo junto dos meus grandes amigos a falar, a rir ou somente a olhar para eles... Eles que têm a vida ocupada, como todos nós.
Hoje nem fui ao centro do Seixal, tomar café com a Dulce e com a Maria Manuela, assim como não fui à União, uma União que muitas vezes parece desunida, desaparecida e desencaixada do mundo que a rodeia... São fases da vida de uma colectividade que, tal como a nossa vida, também tem altos e baixos e, que apesar de já estar em fase crescente, ainda tem muito que pedalar.
Hoje, a Catarina não me respondeu à mensagem que lhe enviei e a Joana disse que eu chamava-me Mário Cunha...
Hoje soube que a Margarida estava melhor das dores de cabeça.
Hoje apareci nas imagens da novela "Fascínios", no Jardim do Seixal.
Hoje faço três anos que tirei a carta e ainda continuo com medo de certas curvas que faço na minha vida porque, se hoje passei o dia com um ar cinzento, também foi hoje que o terminei a conversar com o meu melhor amigo.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Desfolhada Portuguesa

Cantada por Simone de Oliveira, a Desfolhada Portuguesa venceu o Festival RTP da Canção de 1969, apresentado por Lurdes Norberto.
A música é da autoria de Nuno da Nazareth Fernandes com orquestração de Ferrer Trindade e a letra de José Carlos Ary dos Santos.

Desfolhada Portuguesa

Corpo de linho, lábios de mosto
Meu corpo lindo, meu fogo posto
Eira de milho, luar de Agosto
Quem faz um filho fá-lo por gosto

É milho-rei, milho vermelho
Cravo de carne, bago de amor
Filho de um rei que sendo velho
Volta a nascer quando há calor

Minha palavra dita à luz do sol nascente
Meu madrigal de madrugada
Amor, amor, amor, amor, amor presente
Em cada espiga desfolhada

Lalalala lalalala lala lalala...
Lala lala lalalala...
Lalalala lalalala lala lalala...
Lalalala lala lala...

Minha raiz de pinho verde
Meu céu azul tocando a serra
Ó, minha mágoa e minha sede
Ao mar, ao sul da minha terra

É trigo loiro, é além Tejo
O meu país neste momento
O sol, o queima, o vento, o beija
Seara louca em movimento

Minha palavra dita à luz do sol nascente
Meu madrigal de madrugada
Amor, amor, amor, amor, amor presente
Em cada espiga desfolhada

Lalalala lalalala lala lalala...
Lala lalala lalalala...
Lalalala lalalala lala lalala...
Lalalala lala lala...

Olhos de amêndoa, cisterna escura
Onde se alpendra a desventura
Moira escondida, moira encantada
Lenda perdida, lenda encontrada

Ó, minha terra, minha aventura
Casca de noz desamparada
Ó, minha terra, minha lonjura
Por mim perdida, por mim achada

Lalai lala lalai lala lalala lai la...
Lala lalai la lalai lala...
Lalai lala lalai lala lalala lai la...
Lalalalai... lai lai lai lai...

Desfolhada Portuguesa (Inglês)
Portuguese Husking

Body of linen, lips of must
My lovely body, my burning fire
Threshing-floor, August moonlight
Who conceives a child, does it for pleasure

It's red maize, red coloured maize
Flesh wart, grain of love
Son of a king that, being old
Grows back when times are warm

My word spoken at the rising sun's light
My dawning madrigal
Love, love, love, love, present love
In every husked corncob

Lalalala lalalala lala lalala...
Lala lala lalalala...
Lalalala lalalala lala lalala...
Lalalala lala lala...

My green pine root
My blue sky touching the ridge
Oh, my sorrow and my thirstiness
To the sea, south of my homeland

It's blond maize, it's beyond Tagus
My country at this moment
The sun burns it, the wind kisses it
Extatic corn-field in motion

My word spoken at the rising sun's light
My dawning madrigal
Love, love, love, love, present love
In every husked corncob

Lalalala lalalala lala lalala...
Lala lalala lalalala...
Lalalala lalalala lala lalala...
Lalalala lala lala...

Almond eyes, obscure well
Where my misfortune is protected
Hidden moor, enchanted moor
Forfeited legend, found legend

Oh, my homeland, my adventure
Helpless nutshell
Oh, my homeland, my remoteness
By myself lost, by myself found

Lalai lala lalai lala lalala lai la...
Lala lalai la lalai lala...
Lalai lala lalai lala lalala lai la...
Lalalalai... lai lai lai lai...

Desfolhada Portuguesa (Castelhano)
Deshojada


Cuerpo de junco, labios de grana, cuerpo que quema como la llama
Una elegida ha crecido, nacer un hijo, amor cumplido
Trabajo miel, grano maduro, blanco clavel, hoja de amor
Hijo de un rey que siendo viejo vuelva a nacer con mi calor

En mi palbra que a la luz del sol naciente, es madrigal de madrugada
Amor, amor, amor, amor, amor presente en cada espiga deshojada

(La la la la la la la la la la la la la...)
(La la la la la... la la la la...)
(La la la la la la la la la la la la la...)
(La la la la la la la la...)

¡Ay!, mi raíz de pino verde, mi cielo azul junto a mi sierra
¡Ay! pena mía, mi seda ardiente, ¡ay!, mar azul, mar de mi tierra
Espiga rubia junto al Tajo, en mi país - feliz momento
El sol lo peina, lo mece el viento, es trigo loco en movimento

En mi palbra que a la luz de sol naciente, es madrigal de madrugada
Amor, amor, amor, amor, amor presente en cada espiga deshojada

(La la la la la la la la la la la la la...)
(La la la la la... la la la la...)
(La la la la la la la la la la la la la...)
(La la la la la la la la...)

Ojos de almendra, caverna oscura donde se esconde la desventura
Mora escondida, mora encantada, por mí perdida, por mí encontrada
Y por la tierra de tu amada, barco de miel desamparada
Y por la tierra, tierra adorada, por mí perdida, por mí encontrada

La la la la la la la la la la la la la...
La la la la la... la la la la...
La la la la la la la la la la la la la...
La la la la la la la la...

Desfolhada Portuguesa (Francês)
Terre Guitare


Cœur de lumière, levres de soif, un cœur de fièvre, un feu de joie
À la nuit où tu encoules le champ pour mettre en route un tas d'enfants
Vers le maïs l'amour est blanc, dans mon pays l'amour est rouge
Fruits des amants et des moissons de nos deux corps quand le sang brûle

Mon bel amour, mon tendre amour, soleil et sang, tendres paroles dites au matin
Amour, amour, amour, amour, amour présent, terre guitare, voix de raisin

(La la la la la la la la la la la la la...)
(La la la la la... la la la la...)
(La la la la la la la la la la la la la...)
(La la la la la la la la...)

La mer au sud de mon pays saigne de sang des découvertes
Oh... ma douleur et mon soucis, aux heures de joie jamais ouvertes
C'est du blé chaud, du blé du Tage, mon beau pays, rose des vents
C'est l'heure d'orages, l'heure des poètes, oh... mon passé et mon présent

Mon bel amour, mon tendre amour, soleil et sang, tendres paroles dites au matin
Amour, amour, amour, amour, amour présent, terre guitare, voix de raisin

(La la la la la la la la la la la la la...)
(La la la la la... la la la la...)
(La la la la la la la la la la la la la...)
(La la la la la la la la...)

Terre guitare aux yeux d'amande où le malheur est presque tendre
Terre assoiffée, terre brûlante, emprisonnée dans sa légende
Oh mon pays, mon madrigal, mon horizon de femmes brunes
Oh mon pays, mon Portugal, oh... ma splendeur au clair de lune

La la la lay la la la lay la lay la la la...
La lay la lay... la lay la lay...
La lay la la la lay la la la lay la lay la...
La lay la la la lay lay lay...

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Simone de Oliveira

Admiro muito a Simone de Oliveira. Sendo a minha música preferida, a "Desfolhada Portuguesa" transmite uma força intemporal, que se mantem viva até hoje.

Um temperamento marcado, inequivocamente, pelo excesso de talento, de vontade e de querer. Excesso de expressão e de paixão. Dela poderá dizer-se o que de muito poucos se disse: é uma daquelas pessoas maiores do que a vida.

Iniciando bastante nova uma carreira de cantora, fatalmente marcada pelo Centro de Formação dos Artistas da Rádio de Motta Pereira, Simone vai revelar, ainda rapariga, uma intensidade interpretativa que imediatamente a distinguiu das restantes vozes femininas da época.

O seu repertório de cançonetista não fugirá, nesses primeiros anos de carreira, aos estereótipos criativos dos compositores consagrados da época. Desses tempos iniciais guardam-se vivas memórias de prémios e consagrações sucessivos, e de uma mediática rivalidade (tão real quanto encenada) com Madalena Iglésias.

Mas Simone, a inquieta Simone, quererá sempre mais da sua arte. Por sua iniciativa (e pela iniciativa dos que nela viram a intérprete de excepção) vai procurar cada vez melhores compositores e letristas.

Aproximou-se, assim, dos grandes nomes que despontavam, numa clara linha de oposição ao Regime. Com Desfolhada, de José Carlos Ary dos Santos e Nuno da Nazareth Fernandes, Simone fará história: história da música popular urbana, é claro. Mas, também, a história das mentalidades.

Como nos arquétipos clássicos, o excesso conduziu à tragédia. Simone fica sem voz. Mas, tal como a Fénix, renascerá com uma voz nova, mais profunda. Com ela vai partir à conquista de públicos renovados e ganhará desafios só ao alcance dos eleitos .
Marcos principais da carreira:

1957 - Entra no Centro de Preparação de Artistas da Rádio.

1958 - Primeiros espectáculos. Participa no I Festival da Canção Portuguesa, em Lisboa. Vencerá esta competição nos dois anos seguintes.
1962 - Estreia no teatro de revista. Vence o Festival da Canção da Figueira da Foz.

1965 - Vence o Grande Prémio RTP da Canção Portuguesa com "Sol de Inverno". É eleita Rainha da Rádio.

1969 - Volta a vencer o Festival da Canção com a canção mais marcante da sua carreira: "Desfolhada Portuguesa", de José Carlos Ary dos Santos e Nuno da Nazareth Fernandes. O tema ficará no imaginário colectivo.

1970 - Perde a voz, incidente que se prolongará por cerca de dois anos e virá a marcar profundamente a artista.

1977 - Já retomada a sua carreira, participa no espectáculo do Jubileu de sua majestade a rainha D. Isabel II de Inglaterra.

1984 - Comemora as bodas de prata da sua carreira com um programa televisivo: "Meu Nome é Simone".

1988 - "Piano Bar", na RTP.

1997 - Celebra na Aula Magna os seus 40 anos de carreira; Grava um CD/DVD ao vivo no Auditório do Forum Cultural do Seixal.

2007 - Celebra os 50 anos de carreira; Inicia gravações da novela "Vila Faia" para a RTP.
2008 - 70º aniversário, a 11 de Fevereiro; "Num País Chamado Simone"- espectáculo no Coliseu dos Recreios.

2009 - 40º aniversário da "Desfolhada Portuguesa".

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Fascínios

É o programa que maior audiência tem na televisão portuguesa, a novela "Fascínios" tem parte da acção gravada no Seixal.
A novela do horário nobre da TVI veio trazer mais gente ao centro histórico da cidade e divulgá-la na televisão. O grosso da história no Seixal é passada na Praça dos Mártires da Liberdade, mais concretamente na Associação Nautica do Seixal, mas também poderemos ver cenas na Praça da República, Praça Luís de Camões, Rua Paiva Coelho, Rua Sociedade União Seixalense e Praça 1º de Maio.

É curioso, quando passeamos pelas ruas do Seixal, cruzarmo-nos com as caras conhecidas de Marina Mota, Rogério Samora, Alexandra Lencastre, Júlio César, Julie Sargent, entre outras.

Que venham mais actividades dinamizadoras deste local tão interessante.


Na imagem: jardim e edifício onde decorre parte da história.