sábado, 25 de outubro de 2008

Autopsicografia

Aos meus amigos Catarina e Ricardo:

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.


Fernando Pessoa, 1930

1 comentário:

sar.a .si disse...

Olá Mário.
Não fazia ideia que tens um blog, e muito menos que gostas de coisas tão fixolas...

Olha este poema significa tanto para mim, pah Fernando Pessoa é tao brutal.

É inclrivel como ele consegue descrever o Poeta e ao mesmo tempo o homem... É que é mesmo isso que fazemos todos... Colocamos máscaras no nosso dia a dia para enfrentar os vários desafios que a vida nos porpõe.

É por isto que a plavra pessoa, vem da palavra Persona, esta que por sua vez significa Pessoa e Máscara...

Não é ao acaso, é porque nós somos mesmos assim, uma série de máscaras =)

Convido-te a passar no meu blog.
Beijinhos
(Sara Guerra, a menina do Clarinete)