sábado, 29 de março de 2008

Interrogação Sem Resposta

Porque é que existem guerras? Porquê? Não servem de nada, só para separar famílias, pessoas e países.
Em Portugal, durante o Estado Novo, este criou uma guerra que, tal como as outras, não têm justificação pela existência. Esta guerra que tanta gente levou com ela, durou décadas, sendo conhecida por Guerra do Ultramar ou Guerra Colonial.

Portugal vivia mal, pedia água e pão em filas sem fim à vista, não tinha vias de comunicação, não tinha qualquer tipo de desenvolvimento, a não ser o movimento fascista que o Salazar impunha. Também nesse tempo, o país tinha os cofres cheios (como disse um amigo meu)! - É verdade! Mas para que nos servem os cofres cheios se o país está na maior das penúrias? Para quê? Os únicos que viviam menos mal eram os emigrantes nas colónias portuguesas em África, que após o 25 de Abril de 1974, tiveram que largar tudo e retornarem a Portugal, sendo que só a partir deste momento é que se aperceberam da miséria que existia por cá.

A música que melhor retrata a desnecessária Guerra do Ultramar, é a "Interrogação Sem Resposta" de Paco Bandeira e Sidónio Muralha, que foi escrita já na primavera marcelista, em 1971.



E todas as tardes e todas as manhãs
E todas as noites os homens morriam,
Choravam as mães, as mulheres, as irmãs,
Choravam os olhos que já os não viam.

E em todos os campos e em todos os mares,
E em todas as ruas e em todos os portos,
Nas cadeiras vazias de todos os lares
Perguntam os mortos porque foram mortos.

A que sol murcharam as promessas largas?
A neblina esconde a terra prometida.
Quem marcou a cinza tantas horas amargas,
Imenso quadrante do relógio da vida.

Palavras moldadas no barro do engano,
Promessas de tudo trocadas em nada.
Frases apagadas como apaga o oceano
Os passos dum homem na areia molhada.

Em todos os campos e em todos os mares,
E em todas as ruas e em todos os portos,
Nas cadeiras vazias de todos os lares
Perguntam os mortos porque foram mortos.

E nós que sabemos a verdade e a sentimos
Para lá das falas, das razões, dos motivos,
Provemos aos mortos que não os traímos,
Devolvendo aos vivos a terra dos vivos,
Devolvendo aos vivos a terra dos vivos!


Valsa das Papoilas

É a mais recente reentrada de cartaz do Animateatro chama-se "Valsa das Papoilas - Sequela" e é uma comédia hilariante!

Foi incluída nas comemorações do Dia Mundial do Teatro, nos antigos refeitórios da Fábrica Mundet com sala cheia.
Vi-a na Mundet com o Ricardo, a Catarina e a Marisa e, como gostei, repeti no Animateatro com o Canelas e o Ricardo.

Podemos ver todos os sábados, até 19 de Abril no espaço Animateatro.

Ficha Técnica
Concepção geral: Ricardo G. Santos, Lina Ramos e Alexandra Varela
Elenco: Alexandre Gregório, Patrícia Cairrão e Pedro Ribeiro
Adaptação: Ricardo G. Santos
Produção: Lina Ramos
Imagem Gráfica: Luis Mileu
Músicas: Ricardo G. Santos

As comemorações prosseguem no Animateatro e na Sociedade Filarmónica União Seixalense, entre outros, até Abril.

sexta-feira, 28 de março de 2008

O Amigo Que Eu Canto


Cantada por Simone de Oliveira no final do espectáculo comemorativo dos 50 anos de carreira no Coliseu dos Recreios, denominado "Num País Chamado Simone", esta canção foi a última que os seus autores fizeram juntos, sendo escrita para o espectáculo Sopa de Pedra em 1980.
A letra é do poeta José Carlos Ary dos Santos e a música de Fernando Tordo.


Desde quando nasci
Que o conheço e lhe quero
Como a um irmão meu
Como ao pai que perdi,
Como tudo o que espero.

É um homem que tem o condão da doçura
No sorriso de água, nos olhos cansados,
É metade alegria, é metade ternura
Nas palavras cantadas, nos gestos dançados,
Nos silêncios magoados.

Tem um rosto moreno
Que o inverno o marcou
E apesar de ser forte,
É um homem pequeno
Mas maior do que eu sou.

Tem defeitos, é certo. Como todos nós.
Sonha, às vezes demais,
Fala, às vezes no ar
Mas quando dentro dele a alma ganha a voz
É tal como se fosse o som do nosso mar,
Se pudesse falar...

REFRÃO
Foi capaz de mentir,
Foi capaz de calar
É capaz de chorar e de rir,
Tem um quê de fadista,
Tem um quê de gaivota,
E a mania que há-de ser artista.
Quando vê que precisa
É capaz de roubar,
Mas também sabe dar a camisa.
Foi capaz de sofrer,
Foi capaz de lutar,
È capaz de ganhar
E perder.

É um amigo meu que às vezes me ofende
Mas que eu sei que me escuta,
Que eu sei que me ouve
E também compreende.
Quantas vezes lhe digo que tenha juízo,
Que a mania dos copos só lhe faz é mal,
Que a preguiça não paga e que o trabalho é preciso.
Ele encolhe-me os ombros num despreso total,
Este tipo é assim, mas...

REFRÃO
Foi capaz de mentir,
Foi capaz de calar
É capaz de chorar e de rir,
Tem um quê de fadista,
Tem um quê de gaivota,
E a mania que há-de ser artista.
Quando vê que precisa
É capaz de roubar,
Mas também sabe dar a camisa.
Qual o nome final
Deste amigo que eu canto?
Pois é claro que é
Portugal.



sábado, 15 de março de 2008

Recordações

Começei a aprender música em Novembro de 1999 com a Cláudia Cunha e, ao fim de seis meses, passei para Trompete, tendo como monitor o Marco Rosa.
Corria o ano de 2000 e o I Encontro de Bandas de Música do Seixal era a "menina dos olhos" da União Seixalense. A primeira vez que saí para a rua com a banda foi precisamente neste encontro de bandas, onde desfilámos pelas ruas da cidade juntamente com a Banda da Sociedade Imparcial 15 de Janeiro de 1898 de Alcochete e a Banda da Arrentela.
Estava radiante com a farda que vestia e, apesar de estar o tempo chuvoso, adorei usar o boné da farda.
Por ironia do destino, hoje também faço parte da Banda de Alcochete, dirigida pelo António Menino.
As marchas que a União tocou nesse dia foram: "Vinho do Porto"e"José Macedo" de Ilídio Costa e "El Barbaña" de Emílio Cebrian Ruíz. Em concerto tocou "La Gazza Ladra", "Guilherme Tell", "Ares de Espanha", entre outras de que não me recordo.
Hoje sinto saudades da banda desses tempos, do espírito de equipa, da família e de algumas caras que desapareceram do corpo de banda, matendo-se algumas na colectividade. Posso sempre recordar aqueles que faziam parte da banda quando entrei e que hoje já não o fazem: Dulce Cunha, Sofia Oliveira, Artemisa Silva, Vânia Alagoa, Maria João Moutela, Patrícia Silva, Daniel Trindade, Rui Constâncio, Sérgio Charrua, Cláudia Cunha, André Marques, Diogo Foles, Riso, Carlos Lopes, Hugo e Nuno Gaito, Fernando e António Rodrigues e o saudoso porta-estandarte José Rosa Antunes (o Zé Faji).
Aqui recordo o primeiro dia que fui músico, porque o que é bom, é para ser lembrado!
Na imagem: Eu e a Dulce na Travessa dos Lusíadas, Seixal.

terça-feira, 11 de março de 2008

Hoje


Hoje foi um bom dia para matar saudades do sol de inverno que tinha desaparecido nos últimos dias... hoje foi um dia como outro qualquer!
Hoje ficaria horas, ou mesmo o dia todo junto dos meus grandes amigos a falar, a rir ou somente a olhar para eles... Eles que têm a vida ocupada, como todos nós.
Hoje nem fui ao centro do Seixal, tomar café com a Dulce e com a Maria Manuela, assim como não fui à União, uma União que muitas vezes parece desunida, desaparecida e desencaixada do mundo que a rodeia... São fases da vida de uma colectividade que, tal como a nossa vida, também tem altos e baixos e, que apesar de já estar em fase crescente, ainda tem muito que pedalar.
Hoje, a Catarina não me respondeu à mensagem que lhe enviei e a Joana disse que eu chamava-me Mário Cunha...
Hoje soube que a Margarida estava melhor das dores de cabeça.
Hoje apareci nas imagens da novela "Fascínios", no Jardim do Seixal.
Hoje faço três anos que tirei a carta e ainda continuo com medo de certas curvas que faço na minha vida porque, se hoje passei o dia com um ar cinzento, também foi hoje que o terminei a conversar com o meu melhor amigo.