domingo, 30 de setembro de 2012

Ao Meu Amigo

Quero ser o teu amigo.

Nem demais e nem de menos.

Nem tão longe e nem tão perto.

Na medida mais precisa que eu puder.

Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida, da maneira mais discreta que eu souber.

Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar.

Sem forçar tua vontade.

Sem falar, quando for hora de calar.

E sem calar, quando for hora de falar.

Nem ausente, nem presente por demais.

Simplesmente, calmamente, ser-te paz.

É bonito ser amigo, mas confesso é tão difícil aprender!

E por isso eu te suplico paciência. Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias...

Fernando Pessoa

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

A Muleta do Seixal



A Muleta do Seixal ou Muleta de Tartaranha é uma das mais invulgares embarcações portuguesas, caída em desuso em finais do século XIX. Os seus portos de armamento eram o Seixal e o Barreiro, onde figura como o elemento principal no brasão destas duas cidades.

Embarcação de pesca de arrasto à vela, aparelhava uma arte de rede de arrasto pelo fundo em forma de saco, chamada arte de tartaranha. A sua zona de actuação limitava-se aos estuários do Tejo e do Sado e à plataforma continental entre os Cabo da Roca e Cabo Espichel. Pescava principalmente peixe areado (azevia, linguado e solha).

Considerada durante muito tempo como uma embarcação de tipo romano (ou mesmo mais antiga), a moderna investigação situa-a em Portugal numa data muito mais recente (sécs. XVI-XVII). A muleta de tartaranha foi substituída nos finais do século XIX pelo bote de tartaranha, embarcação tradicional do tipo dos barcos do Tejo, que desenvolveu a sua actividade até finais da Segunda Guerra Mundial.

Um dos aspectos mais característicos da muleta e do bote de tartarenha é o aspecto vélico, constituido por um conjunto grande de velas armadas a vante e a ré, triangulares e retangulares.

Encontra-se presente no brasão da Cidade do Seixal.