domingo, 20 de julho de 2008

Tango Ribeirinho

É à beira da ribeira
Que Lisboa abre os olhos
Quando acorda de manhã
À cabeça da peixeira
Há fruta-do-mar aos molhos
Que põe mais sal na manhã

É à beira da ribeira
Que os marujos vão curtir
Os restos da bebedeira
Que apanharam a sorrir

É à beira da ribeira
Que acorda a cidade inteira
Que apregoa a vendedeira
Que a gente gosta de ouvir



REFRÃO
Este tango ribeirinho
Sabe a Tejo e sabe a vinho
Este tango da cidade
Tem navalhas de saudade
Tem punhais de solidão
A doer devagarinho
Dentro do meu coração

Este tango ribeirinho
Tem fragatas de carinho
Tem andorinhas nas telhas
E cravos de por na orelha
Sardinheiras encarnadas
Junto às toalhas de linho
Penduradas nas sacadas
Este tango ribeirinho



É à beira da ribeira
Que há canalhas e há malandros
E mulheres de meia-porta
Mas à beira da ribeira
Há cabazes de morangos
Que ainda nos sabem a horta

É à beira da ribeira
Que vai esperar o estivador
Numa manhã toda inteira
Que lhe comprem o suor

É à beira da ribeira
Que um ramo de erva cidreira
Traz a ternura e cheira
A Lisboa, meu amor


REFRÃO




Letra: José Carlos Ary dos Santos
Música: Nuno Nazareth Fernandes e Thilo Crassman

terça-feira, 15 de julho de 2008

Novo Espaço Cultural

Recentemente abriu no centro da cidade do Seixal o espaço cultural "Remédio de Cultura" que se situa anexado à Santa Casa da Misericórdia do Seixal, na Praça 1º de Maio / Rua Cândido dos Reis.




Este espaço contempla uma biblioteca, livraria, uma zona de leitura, de exposições e um cantinho reservado a actuações musicais e teatrais. Num futuro próximo terá computadores com ligação à internet e, quem sabe, uma sala de chá.




O espaço promoverá a cultura, com concertos por instrumentistas, palestras, debates, animação teatral e infantil.

De lembrar que valerá a pena comprar jornais, revistas, livros e publicações no "Remédio de Cultura", pois todos os lucros reverterão a favor de pessoas carenciadas do nosso concelho.






Quando for ao Seixal, visite o "Remédio de Cultura": um espaço pequeno, mas acolhedor.










domingo, 13 de julho de 2008

Sete Letras

Esta palavra saudade
sete letras de ternura
sete letras de ansiedade
e outras tantas de aventura.
Esta palavra saudade
a mais bela e mais pura
sete letras de verdade
e outras tantas de loucura.

Sete pedras, sete cardos,
sete facas e punhais
sete beijos que são nardos
sete pecados mortais.

Esta palavra saudade
dói no corpo devagar
quando a gente se levanta
fica na cama a chorar.

Esta palavra saudade
sabe a sumo de limão
tem o travo de amargura
que nasceu do coração.

Ai! palavra amarga e doce
estrangulada na garganta
palavra como se fosse
o silêncio que se canta.

Meu cavalo imenso e louco
a galopar na distância
entre o muito e entre o pouco
que me afasta da infância.

Esta palavra saudade
é a mais prenha de pranto
como um filho que nascesse
por termos sofrido tanto.

Por termos sofrido tanto
é que a saudade está viva
são sete letras de encanto
sete letras por enquanto
enquanto a gente for viva.

Este palavra saudade
sabe ao gosto das amoras
cada vez que tu não vens
cada vez que tu demoras.

Ai! palavra amarga e doce
debruçada na idade
palavra como se fosse
um resto de mocidade.

Marcada por sete letras
a ferro e a fogo no tempo
Ai! palavra dos poetas
que a disparam contra o vento.

Esta palavra saudade
dói no corpo devagar
quando a gente se levanta
fica na cama a chorar.

Por termos sofrido tanto
é que a saudade está viva
são sete letras de encanto
sete letras por enquanto
enquanto a gente for viva.
Dos mais belos poemas de José Carlos Ary dos Santos, interpretado por Simone de Oliveira.

sábado, 12 de julho de 2008

Cinco Quadras, Cinco Pedras

Meu amor se fosses barco
eras um barco de mágoa
ancorado na saudade
dos meus olhos rasos d'água.

Meu amor se fosses rio
corrias pelo meu corpo
até acender o frio
no meu olhar fogo morto.

Meu amor se fosses vaga
rebentarias em mim
com esta maré de raiva
que me vai levando ao fim.

Meu amor se fosses vento
rugias neste deserto
aonde soa um lamento
dos meus dois pulsos abertos.

Meu amor se fosses pedra
caías na solidão
deste lago de ternura
a que chamo coração.
Letra: José Carlos Ary dos Santo
Música: Nuno Nazareth Fernandes
Intérprete: Simone de Oliveira
(Na imagem está José Carlos Ary dos Santos, Simone de Oliveira e Nuno Nazareth Fernandes na entrega do 1º Prémio a "Desfolhada Portuguesa", no Teatro São Luiz em 1969)

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Quando Ouvires Alguém Morrer...

Foi com esta frase que a menina Catarina interpolou uma conversa de amigos há um tempo atrás: "Quando ouvires alguém morrer, manda pôr flores na minha campa!".
Esta frase (e respectivo insólito) ficou para sempre na memória daqueles que participavam na conversa.

Mas tal como esta frase, muitas outras surgem no momento exacto e no diálogo certo, tais como: "Fecha o vidro porque está sol!", que eu disse para o Ricardo dentro do carro ou o famoso "Ena pá, ena pá!" da Matilde no estacionamento do Rio Sul quando via o tablier de um carro cheio de talões de parqueamento e surgiu a proprietária desse veículo (o primeiro "Ena pá" foi de espanto pelos talões; o segundo pelo susto ao ver a dona do carro).
Também surgem afirmações pertinentes: "O primeiro rei de Portugal também não nasceu em Portugal.", aquando uma conversa sobre jogadores da nossa selecção de futebol que não nasceram em Portugal; "Ontem a Itália perdeu." - diz o Ricardo, "Contra quem?" - pergunta a Catarina, "Contra a Espanha." responde o primeiro, "Então a espanha foi eliminada?" -conlui a Catarina.
"Hoje está nuvens!" diz a Margarida e o Ricardo conclui "Mas o sol está no céu!" foi também um insólito interessante de uma conversa de final de tarde.

Mas há muito mais como o "Rabo do cú" ou a "Massa de esparguete" que surgiram noutros tempos.
Por agora não me lembro de mais, mas sempre que se lembrarem de outra avisem-me.

Abraços.