sábado, 25 de outubro de 2008

Autopsicografia

Aos meus amigos Catarina e Ricardo:

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.


Fernando Pessoa, 1930

sábado, 18 de outubro de 2008

Estrela da Tarde

Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca tardando-lhe o beijo mordia.
Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia
Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia.
Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça
E o meu corpo te guarde.
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria
Ou se és a tristeza.
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza!

Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram
Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram
E entre os braços da noite de tanto se amarem, vivendo morreram

Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça
E o meu corpo te guarde.
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria
Ou se és a tristeza.
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza!

Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto
Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto!


Poema de José Carlos Ary dos Santos
Música de Fernando Tordo
Intérprete: Carlos do Carmo
Dedicado à minha amiga Matilde

sábado, 11 de outubro de 2008

Roda da Sorte

Na passada semana participei na Roda da Sorte, o programa dos fins de tarde da SIC apresentado pelo Herman José e com apoio da Vanessa Palma.
Comigo participou a Carla - uma professora de português do Porto, e a Claudina - cortadora de carnes no Jumbo de Setúbal.
Todo o programa foi fantástico. A Carla lia palavras de trás para a frente e era super bem disposta e a Custodia era malandreca...
Durante o jogo, o Herman fez algodão-doce, brincou e até cantou a Desfolhada comigo.
A bela Vanessa parecia uma Barbie de tão bonita e elegante, caracteristicas que também faziam parte da vencedora, a Carla.
Passa na televisão dia 13 ou 14 de Outubro.