quarta-feira, 18 de junho de 2008

Apenas o Meu Povo


Quem disse que morreu a madrugada?
Quem disse que esta noite foi perdida?
Quem pôs na minha alma magoada
As palavras mais tristes que há na vida?

Quem me disse saudade em vez de amor?
Quem me disse tristeza em vez de esperança?
Quem me lançou a pedra do terror
Matando o cantador e a criança?

Quem fez da minha espera desespero?
Quem fez da minha sede temperança?
Quem me dando tudo quanto eu quero
Da minha tempestade fez bonança?

Quem amainou os ventos do meu corpo
E saciou o mar da minha fome?
Quem foi que me venceu depois de morto
E soletrou as letras do meu nome?

Quem foi que me fez servo sem servir?
Quem foi que me fez escravo sem querer?
Quem foi que disse que eu podia ir
Tão longe quanto nós podemos ser?

Apenas quem me viu calado e triste
E despertou em mim um mundo novo,
Apenas a esperança que resiste
Apenas o meu sangue, apenas o meu povo.

Apenas a esperança que resiste
Apenas o meu sangue, apenas o meu povo.


Poema de José Carlos Ary dos Santos
Música de Fernando Tordo
Intérprete: Simone de Oliveira

Ganhou o Prémio de Interpretação no Festival RTP da Canção de 1973

1 comentário:

Arnaldoooooo disse...

Olá

O que gosto deste poema....e digam o que quiserem....só me faz vibrar cantado pela Simone...

[estou a ficar dependente do teu blog o que não é bom sinal]