quarta-feira, 18 de junho de 2008

Apenas o Meu Povo


Quem disse que morreu a madrugada?
Quem disse que esta noite foi perdida?
Quem pôs na minha alma magoada
As palavras mais tristes que há na vida?

Quem me disse saudade em vez de amor?
Quem me disse tristeza em vez de esperança?
Quem me lançou a pedra do terror
Matando o cantador e a criança?

Quem fez da minha espera desespero?
Quem fez da minha sede temperança?
Quem me dando tudo quanto eu quero
Da minha tempestade fez bonança?

Quem amainou os ventos do meu corpo
E saciou o mar da minha fome?
Quem foi que me venceu depois de morto
E soletrou as letras do meu nome?

Quem foi que me fez servo sem servir?
Quem foi que me fez escravo sem querer?
Quem foi que disse que eu podia ir
Tão longe quanto nós podemos ser?

Apenas quem me viu calado e triste
E despertou em mim um mundo novo,
Apenas a esperança que resiste
Apenas o meu sangue, apenas o meu povo.

Apenas a esperança que resiste
Apenas o meu sangue, apenas o meu povo.


Poema de José Carlos Ary dos Santos
Música de Fernando Tordo
Intérprete: Simone de Oliveira

Ganhou o Prémio de Interpretação no Festival RTP da Canção de 1973

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Era bom mas acabou-se...



No passado dia 10 de Junho, a Sociedade Filarmónica União Seixalense encerrou as comemorações do 137º aniversário com chave de ouro levada a bom porto pela prata da casa.
O espectáculo de variedades produzido pelo Grupo Cénico A Fénix e pelos Algazarra & Companhia encheu o salão nobre da colectividade de boa disposição e de recordações da música ligeira portuguesa de outrora.
A primeira parte foi preenchida pelo Grupo Cénico A Fénix que, através de sketches atrevidos, criticou a vida social e politica do país onde não faltou um Scolari com pronúncia de Setúbal, um José Mourinho ao pormenor, um Jorge Gabriel e as Doce, uma vereadora baralhada, um Santana Lopes e a Manuela Ferreira Milk .
A segunda parte esteve a cargo do grupo musical de animação Algazarra & Companhia que tocou uma fantasia russa intitulada "Teus Olhos Negros" e, na companhia agradável da cantora Maria da Graça, prestou tributo a José Carlos Ary dos Santos, recordando os temas "Apenas o Meu Povo" (1973) e "Desfolhada Portuguesa" (1969), este último encenado e igualado à época, revivendo a Simone de Oliveira e o saudoso maestro Ferrer Trindade.
Num momento único e solene foi declamado o poema "Estrela da Tarde", também de Ary dos Santos.

in "Jornal do Seixal" nº.43