Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Já não temos nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.
Poema de: Eugénio de Andrade,
Canta: Simone de Oliveira
quinta-feira, 17 de abril de 2008
terça-feira, 15 de abril de 2008
Calor
E ele nunca mais chega!
Ora vem, ora vai tal como o sol de inverno que teima em não nos deixar e, enquanto o São Pedro não se decide em enviar-nos o calor de Abril, vamo-nos contentando com dias chuvosos, outros de ventos que trazem à estrada a calma Baía do Seixal e outros soalheiros que até sugerem uma roupa mais arejada...
É assim, as estações são para riscar definitivamente do nosso calendário e dar lugar a dias frios e dias quentes que ter-se-á que sufixar os respectivos aumentativos com o avancar da história.
Onde está o "Abril, águas-mil"? Talvez tenha ido ter com o "Março marçagão, manhãs de inverno e tardes de verão"!
Está tudo muito estranho... e não só as estações!
Na Dona Maria II anda por lá o inverno, embora não tão rigoroso como o anterior e na Nuno Álvares Pereira fixou-se o verão, embora ultimamente esteja a puxar o outono... enfim!
Só ao fim de semana tem feito bom tempo, apesar de o ter passado (e muito bem) em casa do Ricardo a escrever música. Às vezes penso que até posso ser feliz onde menos espero... mas isso não tem a ver com a casa do Ricardo, mas com o resultado da nossa música!
Hoje parece que nada faz sentido, pois tudo o que digo não bate certo.
Este texto era para ser sobre o 25 de Abril de 1974, mas a Margarida Calqueiro pensa que sabe tudo sobre mim, e enganou-se! Fica para a próxima semana.
Últimamente tenho andado muito feliz com os meus amigos: apetece-me fazer uma qualquer maluquice com o Ricardo, passar uma tarde a rir com a Poupinha, passar uma noite a conversar com a Calqueiro (e a cuscar!), fazer miminhos à Matilde e apertar o pescosso às manas Perdigão!
Mas enquanto isso não vai acontecendo, vão mas é aproveitar o calor de Abril que dura pouco.
E pronto, quem sabe, sabe e o Barradas é que sabe!
Sejam todos muito felizes que eu também o serei certamente!
Ora vem, ora vai tal como o sol de inverno que teima em não nos deixar e, enquanto o São Pedro não se decide em enviar-nos o calor de Abril, vamo-nos contentando com dias chuvosos, outros de ventos que trazem à estrada a calma Baía do Seixal e outros soalheiros que até sugerem uma roupa mais arejada...
É assim, as estações são para riscar definitivamente do nosso calendário e dar lugar a dias frios e dias quentes que ter-se-á que sufixar os respectivos aumentativos com o avancar da história.
Onde está o "Abril, águas-mil"? Talvez tenha ido ter com o "Março marçagão, manhãs de inverno e tardes de verão"!
Está tudo muito estranho... e não só as estações!
Na Dona Maria II anda por lá o inverno, embora não tão rigoroso como o anterior e na Nuno Álvares Pereira fixou-se o verão, embora ultimamente esteja a puxar o outono... enfim!
Só ao fim de semana tem feito bom tempo, apesar de o ter passado (e muito bem) em casa do Ricardo a escrever música. Às vezes penso que até posso ser feliz onde menos espero... mas isso não tem a ver com a casa do Ricardo, mas com o resultado da nossa música!
Hoje parece que nada faz sentido, pois tudo o que digo não bate certo.
Este texto era para ser sobre o 25 de Abril de 1974, mas a Margarida Calqueiro pensa que sabe tudo sobre mim, e enganou-se! Fica para a próxima semana.
Últimamente tenho andado muito feliz com os meus amigos: apetece-me fazer uma qualquer maluquice com o Ricardo, passar uma tarde a rir com a Poupinha, passar uma noite a conversar com a Calqueiro (e a cuscar!), fazer miminhos à Matilde e apertar o pescosso às manas Perdigão!
Mas enquanto isso não vai acontecendo, vão mas é aproveitar o calor de Abril que dura pouco.
E pronto, quem sabe, sabe e o Barradas é que sabe!
Sejam todos muito felizes que eu também o serei certamente!
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