sexta-feira, 6 de maio de 2011

Adeus

Como se houvesse uma tempestade
escurecendo os teus cabelos,
ou, se preferes, a minha boca nos teus olhos
carregada de flor e dos teus dedos;

Como se houvesse uma criança cega
aos tropeções dentro de ti,
eu falei em neve - e tu calavas
a voz onde contigo me perdi.

Como se a noite viesse e te levasse,
era só fome o que eu sentia;
Digo-te adeus, como se não voltasse
ao país onde o teu corpo principia.

Como se houvesse nuvens sobre nuvens
e sobre as nuvens o mar perfeito,
ou, se preferes, a tua boca clara
singrando largamente no meu peito.

Eugénio de Andrade

3 comentários:

Anónimo disse...

Música muito bonita, não a conhecia... nem ao poema. Gostei muito :D

Bjs, Catarina

Anónimo disse...

A versão da Simone (disponivel no youtube) é maravilhosa

Mário Barradas disse...

Obrigado pelos comentários. Coloquei a interpretação da Lara por ser ao vivo e mais moderna. :)